“De todos os animais selvagens, o homem jovem é o mais difícil de domar.” Platão
- A República, LIVRO X – Leis. – Platão
“Nada de grande no mundo foi realizado sem Paixão.” – Hegel
- nichts Großes in der Welt ohne Leidenschaft vollbracht worden ist.
- Hegel; Werke: Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte, Volume 9 – Página 28, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Philipp Konrad Marheineke, Heinrich Gustav Hotho – Duncker und Humblot, 1837 – 446 páginas
“Mas as verdadeiras paixões são egoístas.”
- Narrador, no capítulo XXI
Paixão
Como bem aponta Renato Janine Ribeiro, identificamos o início da utilização do termo “paixão” com o significado específico de ‘estar apaixonado por alguém ou algo’, nas obras românticas de Stendhal. Antes dele, a Filosofia e a Literatura, entendiam o termo ‘paixão’, como qualquer sentimento ou emoção humana. Logo, pode-se entender como uma paixão, sentimentos como ódio, ganância, inveja … e assim por diante.
René Descartes, pouco tempo antes de Stendhal, escrevia sua obra As Paixões da Alma em 1649 e foi dedicada a Elisabete da Boémia, um tratado justamente sobre estas ‘paixões’, entendidas na época, como nossas ‘emoções’.
(do latim tardio passio -onis, derivado de passus, particípio passado de patī «sofrer» )
um termo aplicado a um sentimento muito forte em relação a uma pessoa, objeto ou tema. A paixão é uma emoção intensa convincente, um entusiasmo ou um desejo sobre qualquer coisa.
(do grego pathos, que significa paixão, excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento.)
A paixão, por definição filosófica, é algo que desejamos e não podemos ter…
A fixação se dá através da proximidade física simultânea à impossibilidade da realização deste desejo…
Quando cobiçamos uma pessoa ou alguma coisa, ao alcance visual…e nos é negado o desejo acontece um desencontro racional com inconsciente …
e dai nasce a paixão…
Enfim ..se apaixonar é sofrer…por um desejo ” não compreendido”…uma frustração lógica…
Porém,a paixão nasce de uma hipótese aparentemente viável…
Esse conceito está ligado a padecer, pois o que é passivo de um acontecimento padece deste mesmo. Assim sendo, não existe pathos senão na mobilidade, na imperfeição.
-
- - nichts Großes in der Welt ohne Leidenschaft vollbracht worden ist.
- - Hegel; Werke: Vorlesungen über die Philosophie der Geschichte, Volume 9 – Página 28, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, Philipp Konrad Marheineke, Heinrich Gustav Hotho – Duncker und Humblot, 1837 – 446 páginas
- - nichts Großes in der Welt ohne Leidenschaft vollbracht worden ist.
- “Não há diferença entre um sábio e um tolo quando estão apaixonados”.
-
- - There is no difference between a wise man and a fool when they fall in love.
- - Speaker’s handbook of epigrams and witticisms – Página 180, Herbert Victor Prochnow – Harper, 1955 – 332 páginas
- - There is no difference between a wise man and a fool when they fall in love.
- “Quando alguém está apaixonado, começa por enganar-se a si mesmo e acaba por enganar os outros. É o que o mundo chama romance”.
-
- - When one is in love, one always begins by deceiving one’s self, and one always ends by deceiving others. That is what the world calls a romance
- - The picture of Dorian Gray – Página 111, Oscar Wilde – Babylon Dreams, 1910, ISBN 1603037829, 9781603037822 – 312 páginas
- - When one is in love, one always begins by deceiving one’s self, and one always ends by deceiving others. That is what the world calls a romance
- “As paixões são como ventanias que enchem as velas dos navios; às vezes elas oprimem, mas sem elas não poderia navegar”
-
- - On parla des passions. Ah! qu’elles sont funestes! disait Zadig. Ce sont les vents qui enflent les voiles du vaisseau, repartit l’ermite: elles le submergent quelquefois; mais sans elles il ne pourrait voguer.
- - “Zadig – Histoire Orientale” in: “Oeuvres complètes de Voltaire”, Volume 18 – Página 164, Voltaire – Pourrat Frères, 1831
- - On parla des passions. Ah! qu’elles sont funestes! disait Zadig. Ce sont les vents qui enflent les voiles du vaisseau, repartit l’ermite: elles le submergent quelquefois; mais sans elles il ne pourrait voguer.
- “Quem domina suas emoções é escravo da razão”.
-
- - he who is master of his emotions is apt to be his reason’s slave.
- - The Condemned Playground – Página 16, Cyril Connolly – READ BOOKS, 2006, ISBN 1406726524, 9781406726527 – 296 páginas
- - he who is master of his emotions is apt to be his reason’s slave.
- “Quem se apaixona por si mesmo não tem rivais”.
-
- - He that falls in love with himself will have no rivals.
- - “The sayings of Poor Richard”: the prefaces, proverbs, and poems of Benjamin Franklin originally printed in Poor Richard’s almanacs for 1733-1758 – Página 92, Benjamin Franklin, Paul Leicester Ford – G.P. Putnam’s Sons, 1889 – 288 páginas
- - He that falls in love with himself will have no rivals.
- “As paixões humanas, como as formas da natureza, são eternas”.
-
- - Les passions humaines, comme les forces de la nature, sont éternelles.
- - L’oeuvre de la Société des nations (1920-1923) – Página 442, de Léon Bourgeois, Léon Victor Auguste Bourgeois – Publicado por Payot, 1923 – 456 páginas
- - Les passions humaines, comme les forces de la nature, sont éternelles.
-
“As paixões fazem menos mal que o tédio, pois elas tendem a diminuir e ele a aumentar.
-
- - Les passions, — pensait-elle, — font moins de mal que l’ennui, car les passions tendent toujours à diminuer tandis que l’ennui tend toujours à s’accroitre
- - Une vieille maîtresse – Página 42], de Jules Barbey d’Aurevilly – Publicado por Faure, 1866 – 404 páginas
- - Les passions, — pensait-elle, — font moins de mal que l’ennui, car les passions tendent toujours à diminuer tandis que l’ennui tend toujours à s’accroitre
- “Se resistimos às nossas paixões, é mais pela fraqueza delas que pela nossa força”.
-
- - Si nous résistons à nos passions, c’est plus par leur faiblesse que par notre force.
- - Maximes du duc de La Rochefoucauld: Précédées d’une notice sur sa vie – item CXXII, Página 33, de François La Rochefoucauld, Charles de Secondat Montesquieu, Vauvenargues, Jean Baptiste Antoine Suard – Publicado por F. Didot frères, 1855 – 345 páginas
- - Si nous résistons à nos passions, c’est plus par leur faiblesse que par notre force.
- ” Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.
-
- - Vinícius de Moraes; trecho de “Soneto da Fidelidade”; Vinícius em discurso no casamento de Nelson Motta; Obra poética – Página 247, de Vinícius de Moraes, Afrânio Coutinho – Publicado por José Aguillar, 1968 – 727 páginas
-
- - Honoré de Balzac, “The Physiology of Marriage” 1829
- “A mulher se apaixona através de suas orelhas e o homem através de seus olhos”.
-
- - Knowing that women fall in love through their ears and men through their eyes
- - Confessions of an optimist – Página 186, de Woodrow Wyatt – Publicado por Collins, 1985 – 364 páginas
- - Knowing that women fall in love through their ears and men through their eyes
- “A juventude é a paixão pelo inútil”.
-
- - La jeunesse, c’est la passion pour l’inutile.
- - Oeuvres – v.5, Página 119, de Jean Giono – Publicado por Editions Rombaldi, 1970
- - La jeunesse, c’est la passion pour l’inutile.
- “Uma paixão forte será bem-sucedida, pois o desejo do objetivo indicará os meios de alcançá-la”.
- A strong passion for any object will ensure success, for the desire of the end will point out the means.
- - The Collected Works of William Hazlitt: The Round table. – Vol. 1, Página 43, de William Hazlitt, William Ernest Henley – J. M. Dent & Co., 1902
- “A paixão destrói mais preconceitos do que a filosofia.”
-
- - Les passions détruisent plus de préjugés que la philosophie.
- - “Entretiens sur le Fils naturel” in “Œuvres de Denis Diderot”, Volume 6 – Página 387, Denis Diderot – A. Belin, 1819
- - Les passions détruisent plus de préjugés que la philosophie.
- “O amor é apenas uma entre muitas paixões.”
-
- - But love is only one of many passions
- - Mr. Johnson’s preface to his edition of Shakespear’s plays – Página x, Samuel Johnson – printed for J. and R. Tonson, H. Woodfall, J. Rivington, R. Baldwin, L. Hawes, Clark and Collins, T. Longman, W. Johnston, T. Caslon, C. Corbet, T. Lownds, and the executors of B. Dodd, 1765 – 72 páginas
- - But love is only one of many passions
- “É o orgulho que leva a dizer não, e a fraqueza sim. A modéstia pode dizer ambas as coisas sem paixão“.
-
- - C’est l’orgueil qui fait dire non, et la faiblesse oui. La modestie peut également dire les deux sans passion
- - En vrac, notes: notes, de Pierre Reverdy – Publicado por Éditions du Rocher, 1956 – 243 páginas
- - C’est l’orgueil qui fait dire non, et la faiblesse oui. La modestie peut également dire les deux sans passion
- “Se a paixão conduz, deixe a razão segurar as rédeas.”
-
- - If Passion drives, let Reason hold the Reins.
- - The Old Franklin Almanac, for … – Página 40, American Almanac Collection (Library of Congress), Editora John Haslett, 1860
- - If Passion drives, let Reason hold the Reins.
As Paixões da Alma é um tratado elaborado por René Descartes.
Foi a última obra publicada pelo autor, em 1649 e foi dedicada a Elisabete da Boémia. O autor contribui para uma longa tradição sobre a teorização das “paixões”.
As paixões eram experimentadas e muitas vezes equacionadas com ou rolutadas como precursoras do que eram usualmente chamadas as “emoções” na idade moderna.
No entanto, significantes diferenças entre o que uma paixão putativamente era e o que uma emoção alegadamente é.
Por exemplo, as paixões, como sugerido pela etimologia da palavra, eram passivas por natureza; isto quer dizer que o experienciar de uma paixão era sempre causado por um objecto exterior ao sujeito. Uma emoção, como é transmitida pelo discurso psicológico contemporâneo assim como na cultura popular, é normalmente explicada como uma evento interno ao indivíduo ou tendo lugar dentro do sujeito. Por tal, uma emoção é produzida pelo sujeito enquanto que uma paixão é sofrida pelo sujeito
Em As paixões da Alma, Descartes define estes fenómenos como se segue: “As percepções ou sensações ou excitações da alma…que são causadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos espíritos.”1Os espíritos mencionados aqui são os “espíritos animais” centrais à noção de fisiologia de Descartes. Descartes explica que os espíritos animais são produzidos pelo sangue e são responsáveis por estimular os movimentos do corpo. Ao afectarem os músculos, por exemplo, os espíritos animais “movem o corpo em todas as diferentes maneiras pelas quais este pode ser movido”.
Notáveis precursores de Descartes que articularam as suas próprias teorias sobre as paixões incluem Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
O termo também é aplicado com frequência para determinar um vívido interesse ou admiração por um ideal, causa ou atividade. Em suma, é um sentimento de excitação incomum ou de forte emoção. A palavra paixão é utilizada principalmente no contexto de romance ou de desejo sexual, embora, em geral, implique em uma emoção mais profunda ou mais abrangente do que sugere o termo “luxúria”.
Outras Diferenças entre amor e paixão
Essa diferenciação já é antiga para começar vamos tomar como exemplo Platão. A paixão, em Platão, seria o desejo voltado exclusivamente para o mundo das sombras, abandonando-se a busca da realidade essencial. Em contraposição ao conceito de paixão na filosofia de Platão está o conceito de amor. O amor, ou seja, o amante busca no amado a Ideia – verdade essencial – que não possui. Nisto supre a falta e se torna pleno, de modo dialético, recíproco. O amor também não condena o sexo, ou as coisas da vida material.
O tema ressurge mas agora em Santo Agostinho. Que diz que é preciso ser capaz de decifrar a diferença entre amor e luxúria. Luxúria, de acordo com Santo Agostinho, é um grande vício e pecado, mas amar e ser amado é o que este santo tem procurado por toda a sua vida. Ele mesmo diz: “eu estava no amor com amor.” Finalmente, ele faz cair no amor e é amada de volta, por Deus. Santo Agostinho diz que a única pessoa que pode te amar verdadeiramente e plenamente é Deus, porque o amor dos homens tem muitas falhas, tais como “ciúme, desconfiança, medo, raiva e discórdia.” De acordo com este santo, Deus é amor “para alcançar a paz, que é a sua.” (As Confissões de Santo Agostinho).
Ao que se parece nestes dois exemplos a paixão entra geralmente em contradição com a razão, muito valorizada por estas culturas tão distintas. Apesar da diferenciação que Platão faz ser diferente da que Santo Agostinho coloca, podemos notar que existe uma oposição entre os dois conceitos.
Em passagem de estoicos como Epitectus isso se torna mais claro. Ele enfatizou que “o campo mais importante e especialmente premente de estudo é o que tem a ver com as emoções mais fortes … tristezas, lamentações, inveja … paixões que tornam impossível para nós mesmo para ouvir raciocinar “. A tradição estoica ainda por detrás do apelo de Hamlet ” Dá- me o homem que não é escravo da paixão, e eu o usarei no cerne de meu coração, sim, no coração do coração, como faço a ti”, ou o lamento de Erasmus que “Júpiter concedeu de longe mais paixão do que razão – pode calcular a proporção de 24 para um “. Foi somente com o movimento romântico que houve a valorização da paixão sobre a razão na tradição ocidental: ” quanto mais Passion existe, melhor o poesia ” (John Dennis, in M. H. Abrams, The Mirror and the Lamp p. 75).3
Ainda assim a relação entre paixão e amor e muito próxima, e em certas classificações a paixão é descrita como mais um tipo de amor.
na Biologia
Segundo recentes estudos de Donatella Marazzidti (2007, Livro Natureza do Amor), a paixão se caracteriza, do ponto de vista biológico, por uma liberação contínua de alguns neurotransmissores como dopamina e noradrenalina. A amígdala cerebelosa tem um papel central neste processo, pois é desta região que emana alguns dos sentimentos mais instintivos.
Esta tempestade bioquímica está relacionada com um índice mais baixo de serotonina do que em uma população normal, sendo semelhante ao nível deste neurotransmissor nos portadores de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o que explicaria os pensamentos obsessivos da pessoa a qual se está apaixonado.
Estes níveis bioquímicos explicam por que a pessoa tende a perder a razão, enquanto em estado de apaixonamento. Este mecanismo é semelhante ao de algumas drogas, como a cocaína, sendo necessário para a perpetuação da espécie, pela atração.
Além destes neurotransmissores citados, há a participação de outras substâncias, tais como oxitocina e vasopressina, que estão relacionadas com o amor e as sensações de segurança e calma derivadas deste sentimento¹.
fontes:
http://pt.wikiquote.org/wiki/Paix%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stendhal
http://pt.wikiquote.org/wiki/Stendhal
http://pt.wikiquote.org/wiki/Plat%C3%A3o
http://professorioseff.blogspot.com.br/2013/01/a-paixao-na-concepcao-filosofica-do.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Paix%C3%B5es_da_Alma
CategoriasCitações