Oscar 2015
Análise: ‘Birdman’ é o grande vencedor do ‘Oscar da depressão’
A esperada briga entre “Birdman” e “Boyhood” não se concretizou na cerimônia de entrega do Oscar 2015, neste domingo (22). O filme do mexicano Alejandro González Iñárritu foi o grande campeão da noite, levando quatro Oscar nas categorias principais de melhor filme, direção, roteiro e fotografia.
“Boyhood: Da Infância à Juventude” só foi lembrado uma vez em atriz coadjuvante para Patricia Arquette, ficando atrás até mesmo de “O Grande Hotel Budapeste”, com quatro estatuetas, e “Whiplash”, com três.
A noite passou sem grandes surpresas. Apesar do apresentador Neil Patrick Harris começar com um interessante cenário com um projeção de vídeo ao fundo do palco, o número de abertura não empolgou.
Ao longo da noite, suas piadas foram comportadas demais (Trocadilhos com a palavra “spoon” e o nome da atriz Reese Witherspoon) ou inapropriadas demais – “Edward Snowden não pôde comparecer para receber o prêmio”, após a vitória de “Citizenfour” em documentário. A produção bateu “O Sal da Terra”, de Wim Wenders e do franco-brasileiro Juliano Ribeiro Salgado
POLITIZADO
É verdade que Harris tratou de quebrar o gelo brincando com a acusação do Oscar ser “branco demais”. E repetiu bem a dose quando apresentou o inglês David Oyelowo, que muitos davam como certo entre os indicados a melhor ator por sua interpretação de Martin Luther King em “Selma”. “Ah, agora vocês gostam dele, não é?”. Mas ele não conduziu nenhum momento memorável da festa.
Esses caíram no colo dos vencedores… politizados. Patricia Arquette, de “Boyhood: Da Infância à Juventude”, pediu “igualdade nos salários de uma vez por todas” e “direitos iguais para as mulheres nos Estados Unidos”, levantando o público – principalmente Meryl Streep, que logo virou meme nas redes sociais.
Já o os músicos Common e John Legend, ao vencerem em melhor canção por “Glory”, do drama “Selma”, não pouparam a plateia, já em prantos pela apresentação da dupla. “‘Selma’ acontece agora, porque a injustiça acontece neste momento”, discursou Legend. “Há mais homens negros em prisões hoje que havia durante a escravidão, em 1850.”
O clima até ficou estranho para Lady Gaga, que entrou na sequência para cantar em homenagem ao clássico “A Noviça Rebelde”, que completa 50 anos, e apresentar Julie Andrews.
Ainda mais porque, logo depois, ao ganhar o Oscar de roteiro adaptado por “O Jogo da Imitação”, Graham Moore revelou que tentou se matar aos 16 anos “por se sentir como uma aberração”. Se a Academia queria uma noite alegre e fútil, teve quase o Oscar da depressão.
Alguns momentos inusitados apareceram no Dolby Theatre, mas nenhum muito memorável. Durante os agradecimentos do diretor polonês Pawel Pawlikowski, que subiu ao palco para receber o Oscar de filme estrangeiro por “Ida”, ele precisou ser interrompido duas vezes pela música para terminar o discurso.
Um pouco mais tarde, o ator Terrence Howard, ao apresentar três indicados a melhor filme, pareceu perder o controle, emocionando-se e parecendo que não terminaria a missão – a transmissão cortou para a plateia rapidamente.
O primeiro prêmio da noite foi para J.K. Simmons, considerado uma barbada como ator coadjuvante por seu papel de professor/general em “Whiplash”, de Damien Chazelle.
O mesmo clima retornou em melhor atriz, conquistada por Julianne Moore, por “Para Sempre Alice”. Em sua quarta indicação, Julianne era aposta certa. Em melhor ator, havia um certo suspense entre Michael Keaton (“Birdman”) e Eddie Redmayne, que havia vencido o prêmio do Sindicato dos Atores por “A Teoria de Tudo”. E Redmayne levou e pareceu o vencedor mais empolgado da cerimônia.
Por boa parte da noite, o filme que liderou o placar de indicados foi “O Grande Hotel Budapeste”, de Wes Anderson: levou direção de arte, figurino e maquiagem na primeira metade da festa. Ainda completou com mais um Oscar por trilha sonora, terminando com quatro, mesmo número de “Birdman”, o grande vencedor da noite.
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